A casa dos sussuros

               Os primeiros raios de sol banharam a pequena sala que se encontrava na lateral do castelo de Briev. Era deveras pequena, a iluminação era parca, quase um suspiro de luz. No seu centro havia uma mesa de mármore, pequenas cadeiras do mesmo material estavam a sua volta de maneira desorganizada. Os insetos adentravam pela alta e única janela do lugar, pareciam ter acordado com o raia do sol.
                A poeira, no entanto, era uma inquilina persistente. Dia após dia ela acumulava ali, como se estivesse demarcando seu espaço. O vento ajudava, claro, as pequenas brisas que invadiam o lugar sempre trazia novidades, as vezes galhos ou folhas, e nesse dia em particular, um pequeno dente de leão. Ele percorreu a sala, visitando, meio que timidamente, as paredes. Lá deparou-se com os retratos, o primeiro, na parede da esquerda, uma mulher, loira, bela, com um grande vestido lilas.
               Começou a se assentar, o vento não estava afim de leva-la para muito longe. O pequeno dente de leão foi caindo, desvanecendo naquela pequena sala, mas se surpreendeu ao ver uma lufada inesperada que o levou novamente para cima. Vagou um pouco e encostou no teto, ali uma grande pintura destoava o lugar. Ali uma bela obra mostrava um recanto de nuvens, nas quais, pessoas estavam sentadas dela e logo ao centro um homem, velho, barbudo e com veste brancas, apontava o dedo para cima. Para onde o homem estava apontando as estrelas caiam, e todos pareciam admirados.
               Aquela impulso foi perdendo força e novamente o dente de leão foi caindo até para em na mesa. Por toda mesa, um mapa se estendia cravado na pedra de mármore. O branco do mármore era violado pela poeira e por pequeno pontos de tinta que alguém espalhara por todo ele. Eram marcações de lugares, alguns em vermelho, outros em azul e finalmente, uma pequena mancha negra no centro do mapa. Ali então o silêncio se instaurou, quebrado pelas brisas que não desejavam mais entrar na sala, como se tivessem abusado dali.
              Um pequeno sapo, entretanto, aos pulos chegou na beirada da janela. Entre um coaxar e outro ficou ali observando. A porta abriu levemente e uma senhora entrou no lugar. Balançava seu espanador para lá e para cá, agitando a poeira, que se irritou muito com ela atacando-a assim que puderam. Ela tossiu levemente e continuou a sua atividade. No embalo o dente de leão se pós novamente no ar, clamando para que algum vento tivesse pena dele e o levasse. 
                     Sua prece teve efeito, e prontamente uma brisa entrou no lugar e o levou, levemente, para fora dali. A poeira não teve tanta sorte, e no meio do caos se balançava e voava e caia para todos os lados, mas raramente para fora da sala. A senhora, sem saber que seus esforços foram em vão, se deu por satisfeita e saiu do lugar, achando que teria feito um bom trabalho. O sapo, a essas horas, coaxou, virou-se e foi procurar outro lugar para estar. 

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